domingo, 1 de agosto de 2010

Bangladesh

  Se dizem que a expectativa em excesso faz tirar o encanto do acontecimento, entao Bangladesh sera maravilhoso. Com centenas de mochileiros que conheci nos albergues nos ultimos anos, nenhum tinha tinha ido a Bangladesh... bom, vamos ver o que me espera.

  Em Calcuta peguei um onibus ate a fronteira de Bangladesh as 5h30 da manha. Passei pela fronteira sem nenhuma burocracia excessiva, saio da India e entro em Bangladesh na cidade de Benapol.

Fronteira

  As 10h00 em Benapol, peguei uma van lotadissima, com mochila no meu colo e eu tentando um espacinho para respirar ate chegar numa cidade que pegaria o onibus para Dhaka, a capital de Bangladesh.
  Tomei o onibus que acabou fazendo em 9 horas o trecho de 340 km. Tudo aqui se usa buzina e pela media que cronometrei escutei mais de 6000 vezes esta buzina nas 9 horas. A estrada era toda em zona rural e via-se claramente que Bangladesh estava embaixo de agua. Nas moncoes de verao o pais fica ate 70% de sua area submersa. Bangladesh eh plano e umido. Aqui eh a foz de dois importantes rios que nascem no Himalaia, Ganges e Brahmaputra (que passa ao sul de Lhasa no Tibet).


Fotos da estrada, rios e regiao embaixo d'agua

  Fui curtindo a viagem e aqui e um pais mulcumano. Numa das muitas paradas policiais do caminho pediram para retirar o rapaz de uma certa bagagem e o mulcumano desceu, nao voltou mais e o onibus seguiu caminho. Mais a frente perguntei para dois jovens o que tinha acontecido e os dois respondem "combate ao terrorismo". Bom, na India precisa passar por detector de metal desde o Taj Mahal ate o metro por medo de terrorismo pelos extremistas.

  O imperio britanico ocupava todo o subcontinente indiano e quando a India conseguiu independencia em 1947 iniciou-se outra guerra interna entre mulcumanos e hindus. Mahatma Ghandi defendia uma India unica trabalhando com membros de todas comunidades para usarem sua tolerancia, mas Ghandi foi assassinado em 1948 por um Hndu de linha extremista. A divisao entre mulcumanos e hindus era inevitavel e logo apos independencia a india se divide em India e Paquistao. O dificil foi achar esta linha de divisao e esta divisao ate hoje nao eh aceita pelo Paquistao como exemplo a regiao de Caximira, o que faz estes dois paises sempre em tensao de guerra. Paquistao era formado pelo Paquistao do Oeste e Paquistao do Leste. Muitos mulcumanos e Hindus tiveram que sair de suas casas e atravessarem fronteiras para os seus lados.
  Esta divisao geografica sem fronteiras entre Paquistao do Oeste e do Leste foi um fracasso e 25 anos depois o povo do Paquistao do Leste conseguiu sua independencia tornando um novo pais chamado Bangladesh. Seus argumentos eh que eram explorados pelo Paquistao do Oeste (atual Paquistao) e os museus em Dhaka demonstram muito bem a tortura e quase 3 milhoes de mortes ate se conseguir a independencia de Bangladesh em 1971.
 
  Continuando a viagem, paramos por uma hora no inicio da tarde para rezar, todos descem do onibus, vao a uma sala com carpete com a indicacao da direcao de Meca e rezam. Aqui senti falta da facilidade que tem na India de tudo estar em ingles, para entrar no banheiro foi impossivel descobrir qual estava escrito masculino.
  Depois temos que atravessar de balsa um rio com uma margem de 3km. Este rio ja eh o encontro do Brahmaputra e Ganges antes de desaguar no oceano Indico.


  Cheguei em Dhaka, total de 14 horas de viagem desde Calcuta. Fui aos hoteis por perto e recebo a resposta que nao aceitam estrangeiros. Na verdade nao tinha entendido, o cara ja foi pedindo para eu sair dizendo "nao, nao, nao...". Vou em outro perto, e tambem nao. No terceiro entendi que os hoteis mais simples nao registram estrangeiros e nem aceitam mulheres. Sentei, revi os hoteis no guia e peguei um rickshaw e parti para a Vip Road que tinha uns hoteis bons. Pechinchei no primeiro, Hotel Victory, e consegui ficar por 28 dolares por noite, muito barato pelo padrao do hotel (oficial, registram o turista com copia de passaporte, etc).
  O hotel era muito bom mesmo. Fui logo tomar um banho e pela primeira vez depois de 10 dias eu vi uma privada... limpa, ate sentei nela...que felicidade, hehe. Na Asia tem que se cagar agachado, em pe mesmo... eh um buraco no chao. Abri o chuveiro e funciona.. poxa, depois de 9 dias tomando banho com balde e caneca... chuveiro foi um luxo enorme!!
  Um senhor bateu na porta do meu quarto e perguntou mesmo se era verdade que eu era brasileiro como ja estava correndo a noticia na recepcao. Me convidou para ir a festa de seu filho num salao do hotel e fui. Tinha duas estilo indianas lindas, da familia dele na mesa, mas desta vez nao demonstrou em casar a filha dele nao, infelizmente... porque a atencao foi somente o filho dele conhecer o Lucio da selecao brasileira que estava hospedado no hotel.... morri de rir, a crianca tinha 4 anos e como achamos que os orientais sao todos iguais eles devem achar que somos todos iguais tambem. Pelo menos comi bem e acho que o filho dele nunca vai desconfiar que eu nao era o Lucio.
 
 

 

5 comentários:

  1. Estou amando as histórias da sua viagem.Bem seu tipo,conhecer pessoas e a cultura do país.
    A respeito da independencia de Bangladesh foi muito interessante ler o que relatou.

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  2. Rafael A.K.A. Colombinho, Mastergringo e agora o Lucio :-))). Eu leio e fico cada vez mais apaixonado por essa viagem. Dah vontade de jogar tudo para o alto e encontrar com voce em Beijing.

    Abracos e continue postando Brother.

    Marcos

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  3. lol to morrendo de rir com a estoria do Lucio!
    tinha que te ficado de graça entao!lol
    na India quando a gente falava que era do Brasil eles logo iam dizendo: RONALDOOOOO

    vai Marcos vai!!!!!!!!!!!!!!a vida é curta!!!!! vai!!!!!!!!!

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  4. Eu ri muito com essa parte de você ser confundido com o Lúcio da Seleção brasileira.Pelo menos o Brasil é conhecido através do futebol...Ótima aula sobre BANGLADESH! ABRAÇOS,

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