domingo, 15 de agosto de 2010

Nepal Trekking Part IV

Dia 6: Ghorakshep (5140m) - Kalapathar (5545m) - Pheriche (4200m): 8 horas

  Meia noite e nao conseguia mais dormir...passava mal! Eh bem comum pessoas morreram dormindo em Ghorakshep dormindo, muitos por irresponsabilidade de quererem tomar cerveja ou fumar numa altitude acima de 5000 metros.

  Esta eh a segunda vez que passo a noite acima de 5000 metros. A primeira foi quando escalei o Chimborazo, a maior montanha do Equador, a 6310 metros de altitude em 1999. Os sintomas eram os mesmos, 5000 metros a dificuldade aumenta e ja eh considerado alta montanha. Dor de cabeca, falta de apetite, enjoo, tonteira e quando caminha acaba usando um tipo de piloto automatico esquecendo da dor, sensacao de como tivesse tonto com cerveja.
  O mais importante em alta montanha eh o conhecimento e a hora de saber desistir. O conhecimento dos sintomas eh importantissimo para nao gerar problemas que levam a morte do montanhista como edema pulmonar ou edema cerebral. O conhecimento de montanha e baseado em tres passos:
  PASSO 1: Reconhecer os sintomas de mal de altitude e saber como diagnosticar a seriedade.
  PASSO 2: Se os sintomas continuarem, nao suba mais.
  PASSO 3: Se mantendo a mesma altitude a pessoa nao melhorar, descer imediatamente para uma altitude mais baixa.

  Acima de 5400 metros o ar possui menos da metade de oxigenio em relacao ao nivel do mar. A cada 1000 metros que subimos a temperatura diminui 6,5 graus celsius. A temperatura padrao para 5500 metros eh -20 graus celsius negativo (para altitude de cruzeiro de um aviao a jato a 11 mil metros, a temperatura externa padrao eh -55 oC,).

  Por volta de uma da manha resolvi melhorar, nao conseguia descer a escada e forcava muito para respirar. Estava totalmente tonto e vontade de vomitar. Abri a janela para entrar ar puro e apontei a lanterna para um ponto fixo na parede para ter uma referencia de onde estava. Fui melhorando bem ate que consegui dormi novamente, desta vez deixei a janela aberta pois faz muita diferenca. Mesmo passando ar por baixo da porta e atraves das laterais da janela, com pouco oxigenio o seu proprio CO2 que expira pode deixar voce com dificuldade para respirar.

  O guia me chama as 3h da manha para atacar o cume do Kalapathar a 5545 metros de altitude. Normalmente eh feito pela manha para ter uma melhor visao quando o ceu esta mais limpo de nuvem. Iniciamos subida perto das 4 da manha e tivemos que voltar por causa do vento e nevasca a altitude maior, o tempo estava muito fechado. O grupo da Austria voltou a dormir e o da Coreia e eu ficamos aguardando o tempo melhorar. Eu porque nao queria deitar mais, estava mais disposta em pe e tendo algo para me distrair como conversar para nao voltar a passar mal como estava.
  As 5h15 o tempo comeca a abrir e para de ventar. Subimos ao Kalapathar em 2h30 com muita dificuldade, mas logo que o tempo abriu mais uma grande injecao de animo apareceu. Ver a maior montanha do planeta de perto eh sensacional. Subir o Kalapathar, ponto mais alto desta caminhada, tambem deu uma visao especial neste dia de ceu aberto. Apesar do clima parecer agradavel, fui avisado que o termometro de uma pessoa marcava -14 graus celsius negativo no cume do Kalapatthar.




  O Nuptse parece mais alto do que o Everest eh porque ele esta mais perto, fica a uma distancia de 2km do Everest.

Subindo o Kalapathar

Vista do cume do Kalapathar pela parte de tras (veja a ultima pedra que forma o pico da montanha)
Vista do topo do Kalapathar a 5545 metros.

Homenagens aos que perderam suas vidas nas montanhas do Vale do Khumbu


  Apos retornar a Ghorakshep, decidimos descer e nao esperar mais um dia acima de 5000 metros pois ja tinhamos conseguido avistar tudo que queriamos. De Ghorakshep subimos um pouco ate 5300 metros e depois foi apenas descida. Cinco horas de cansativa caminhada ate Pheriche a 4200 metros.

  Para voltar, primeiro passa ao aldo do glaciar Khumbu
Iaque, unico animal terrestre que avistei acima de 5000 metros de altitude
Grupo de austriacos descansando perto de Lobuche
Vendo novamente verde e flores em Pheriche, a 4200 metros

  Chegando em Pheriche foi um alivio total. Parecia que a 4200 metros de altitude o ar estava cheio de oxigenio, respirava tranquilamente e tive uma noite super tranquila de sono.
  Depois de passar 2 dias comendo por obrigacao (pensando apenas em energia necessaria pra caminhada) jantei bem sem precisar o guia ficar dizendo o quanto tenho que comer para nao desmaiar na montanha, hehe.


5 comentários:

  1. E eu tive dor de cabeca na ultima noite do Tibet.
    Uma vergonha para mim, totalmente estou fora de forma. E olha que Lhasa sao menos de 4.000 mts de altura.

    Mande noticias antes de embarcar para China e pode enviar os e-mails para mim que eu post aqui no blog na integra.

    Abracos e boa viagem,

    Marcos

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  2. Demais sua viagem.Adorando saber de tudo.
    Imagino o que deve ter passado a mais de 5.500 metros de altura.
    Nòs, a 3.500 metros sentimos tudo de mal.E você a 5.500,incrível...

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  3. Rafael, num dos comentários anteriores eu posteu um poema feito por mim em sua homenagem... tentelocalizar. Chama se ... \Um Tema para Rafael. É v. aos pés do Everest... Parabens. v. me inspirou. Seu pai.

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  4. Rafael, é muito bom perceber através de seu Documentário que sua Alma tem Sede do Novo!
    Como nunca nosso valor é medido por aquilo que sabemos, pelo interesse, comprometimento e facilidade de adaptação as mais diferentes e inusitadas situações e lugares. A vontade de aprender e o amor à Sabedoria das Descobertas é o que nos fascina. Sua Alma Aventureira desenvolve uma atitude de empatia e solidariedade para com aqueles encontrados a beira do caminho percorrido e é essa justeza que faz a diferença. Sua empatia rara possibilita o entendimento da influência tecnológica na vida de todos sensiveis de Alma sem cor.
    Parabéns, voce é um grande ser humano!
    Viagens e viagens lindas pra sua vida.
    abraços - roswyta

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